Thursday 12 June 2008

Auto-destruição: uma carta para mim mesmo.

Tu, criatura miserável e patética! Arrastas a tua vazia existência num mundo que não precisa de ti. Queres ser algo que nunca serás. Vais-te limitar ao nada para todo o sempre. Os teus sonhos de força e imortalidade caem por terra, derrubados por aqueles que tu pensas que estão do teu lado. Ilusões. É tudo o que tens. Puras ilusões. Vives num solipsismo cego, e essa cegueira não é senão um castigo. Estás sozinho no escuro. Não consegues tactear o que te rodeia, porque te cortaram as mãos. Ajoelhas-te no chão frio e interrogas-te porquê. Nunca irás saber porquê. E nunca sairás desta tortura. Nem com a morte te verás livre de tal pena. És um ser reles, rasca, ruim. És a podridão saída de uma caixa de Pandora a que chamas mãe. És tudo o que há de mal, e ao mesmo tempo não és NADA! Absolutamente N-A-D-A! Não és assim tão inteligente. Não és assim tão bonito. De facto, a tua falta de beleza deixa algo a desejar. Debaixo das roupas estranhas e dos penteados foleiros não tens nada a mostrar. Arranhas a própria alma numa tentativa de saires dela, como se de um cão enjaulado se tratasse. Sufocas nas correntes que te prendem desde sempre, e que nunca conseguirás quebrar. És um coninhas. Não sabes fazer nada de jeito. És uma merda. Não és sequer capaz de chorar, e se fosses, cair-te-iam lágrimas de ácido, que te cicatrizariam a face, tornando-te ainda mais repelente do que já és. Vais ser sempre atormentado por tudo e todos. Garras dilaceram-te a carne, e gritos assombram-te a mente. Gritos de terror, gritos de dor, gritos de sofrimento. Sofre aí, seu miserável. Não consegues gritar pois devoraste a própria língua num momento de loucura. Até o mais demente parece saudável quando comparado contigo. Queres rasgar a folha em que desaustinadamente tentas escrever, mas nem força para isso tens. És um fraco! Não serves para nada! Só os necrófagos vermes se aproximam de ti, a fim de procriarem na tua carne pútrida. Até deles eu tenho pena. Merecem melhor, os simples vermes. És o cão vadio a que toda a gente atira pedras e afugenta. És a gazela morta na qual as hienas se banqueteiam. És o suíno que é empurrado a pontapé através do matadouro para ser degolado, escaldado, pelado, estripado, desmanchado e triturado. E nunca conseguirás passar disso.

6 comments:

Morg said...

Está brutalíssimo. Querem a verdade mais pura? Hei-la, num abrir e fechar de olhos!

Anonymous said...

Escreves bem. gostei particularmente desta frase "Só os necrófagos vermes se aproximam de ti, a fim de procriarem na tua carne pútrida."
Agora o facto de ser uma carta pra ti mesmo..Lol
1º duvido que alguem pense isso de si próprio.. e depois não pareces ser o pior ser humano à face da terra. mas eu não sou ninguem pra julgar o que quer seja lol
(: ****

Ass: cofcof :p

Anonymous said...

heya.. tas com umas tendências a dar po emo xD xD ahaha

tipo, pensa positivo, os suinos são empurrados e mal tratados, mas toda a gente os quer comer ;) (ja não terias muita sorte com os vegetarianos...) e também as ienas, ao fim ao cabo querem comer a gazela, e os mulçumanos e essa gente acham as gazelas muito bonitas.

x)

hum...pois..coise

Niz said...

Que dizer deste (magnifico) texto?
Magnifico porque está muitíssimo bem escrito, além do mais, gosto do peso que ele tem para quem o lê.
No entanto, aquela parte do "para mim mesmo", nah, não me soa nada bem, portanto presumo que te tenhas enganado porque nada do que ali esta tem uma virgula de verdade!

Ganha juizinho e come cenouras!@

Ayl said...

Essencialmente admiro a forma deste texto. Tem uma excelente dinâmica, um ritmo muito interessante, está muito bem pontuado. ´
É um texto bastante "visual"; consigo, facilmente, imaginar vários cenários...desde uma conversa com o outro do espelho, até uma sombra, enorme, que se derrama sobre alguém, que, rendido, se encolhe no chão.
Do conteúdo...digo apenas que ninguém consegue ser tão cruél para connosco do que...nós próprios.

Anonymous said...

muito bem escrito:)

aquela do coninhas fez-me rir ;D