Saturday 28 June 2008

"If you jump, I jump..."

Caminha comigo uma última vez. Caminhemos pela praia, calmamente. Gosto de sentir a areia molhada e o vai-vem da rebentação das ondas frias nos meus pés. Dá-me a mão, uma última vez. Continuemos o passeio, de mãos dadas. Inquebráveis. Isso não nos podem tirar.

Sobe comigo à falésia. O sol está quase a pôr-se, vamo-nos sentar ali, naquele rochedo, a ver o grande astro descer sobre o eterno oceano. Será este o último pôr-do-sol a que assistimos?

Vamos escrever um último poema, juntos. Assinar o nosso pacto. Vamos escrevê-lo em sangue, para que a nossa memória e o nosso físico nunca se percam. Vamos tornar imortal e eterna a nossa cumplicidade. Vamos deixar uma última marca neste mundo. Uma última despedida.

Pouco importa se o poema será lido ou será esquecido. Pouco importa se reconhecerão o nosso valor ou não. A nossa imortalidade jaz a poucos passos do rochedo em que nos sentamos agora, e isso também não nos podem tirar.

Dizem que somos insanos, dementes, cobardes, coninhas, loucos, desistentes, fracos... Na verdade, não o somos. Temos a coragem de fazer o que muitos têm medo de sequer pensar.

É a hora. O sol mergulha no infinito oceano. O poema está terminado, escrito com o nosso sangue. Olho-te nos olhos e neles vejo certeza. Não choras, pois não estás em agonia. Pelo contrário. Estás feliz por terminar com a dor. Estás feliz por finalmente deixar o mundo que há muito te deixou a ti. Estás feliz por eu estar ali contigo e por saberes que te irei seguir na direcção da eternidade.

O silêncio. A brisa marinha. O resmalhar das ondas, na base da falésia. Não trocamos palavra nenhuma. O nosso olhar diz tudo o que precisamos de dizer um ao outro. O nosso beijo completa o que for preciso completar. Um último abraço, e apertas a minha mão. Fitamos o horizonte, será que o alcançaremos? E seguimos em frente.

O silêncio. Dois vazios que se preencheram mutuamente. Duas almas que abandonaram os seus respectivos corpos, agora tresmalhados pela água e pela rocha. Um poema preso num rochedo, que observou tudo o que se passou. O sol que mergulhou no grande mar azul e fechou mais um ciclo.

Agora sim, somos livres. Somos imortais. Somos eternos. Aqui nada nos magoa. Ninguém nos faz mal. Apenas nós existimos, e tudo o que nós queremos que exista. Temos paz. Temos tranquilidade. Temos tudo o que sempre quisemos. E isso ninguém nos tira.

O silêncio. A morte. O resmalhar das ondas do mar. E novamente o silêncio.

6 comments:

ChaoS RevS said...

Bem tu escreves lindamente dude. Gostei bastante deste texto de uma beleza poetica e empirica. Aposto que sei quem é a outra pessoa que "está" contigo :)

Go Gui! Go Gui!

Um Abraço Irmão ;)

Déjà Loin said...

Está fÓfinho, bem escrito, fluído - like the sea... mas esse título é demasiado titanic :P. Lembrei-me foi da "together we're invincible" de muse (que presumo is not your cup of tea :< ). *

Anonymous said...

Gostei imenso deste texto. Por acaso já tinha ouvido por aí que escrevias bem mas nunca pude ler nada teu até á data!
Fica sabendo que ganhaste uma fã! muitos parabéns! e já agora suspeito quem seja a outra menina...ehehe boa sorte!:)

Lillith said...

Besta...deixaste-me a chorar *
Gosto-te mesmo muito...talvez mais do que devia...**

Francisca said...

oooh! gostei tanto!! e tao cheio de emoçao! tirando a parte dos coninhas lol

Diana said...

É triste mas heróico...´
E é grande a imagem que consegues transmitir nesse texto :). Continua, coleguinha. :P